O que sabemos sobre o acidente com o Cessna Citation CJ1 PR-GFS

Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas após um avião de pequeno porte tentar pousar em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, no último dia 9 de janeiro. O piloto perdeu o controle da aeronave resultando na excursão de pista, com o avião parando na areia da praia. O acidente resultou na morte do piloto, enquanto os outros ocupantes, três adultos e duas crianças, ficaram feridos.
O avião atravessou uma praça, cruzou uma rodovia e explodiu ao passar próximo a uma pista de skate, antes de parar na praia do Cruzeiro. O Corpo de Bombeiros, junto a equipes de resgate, atuaram no local, com imagens registrando o momento em que uma criança foi retirada do avião, que ficou de cabeça para baixo após capotar.
Após o acidente, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e a Petrobras realizaram ações para conter o combustível que vazou da aeronave no mar, estabelecendo uma barreira na área afetada. De acordo com a capitã Karoline Burunsizian, do Corpo de Bombeiros, as vítimas estavam todas dentro da aeronave.
O piloto foi encontrado preso às ferragens, enquanto os feridos, incluindo um pai e uma mãe conscientes e orientados, foram socorridos pelas equipes de emergência. As crianças, um menino e uma menina, estavam conscientes, mas desorientadas, o que é considerado normal em acidentes dessa natureza. Outra pessoa, que estava na praia e se feriu ao tentar fugir da explosão, também foi atendida, mas não foi atingida pelo avião.
A Rede VOA, que administra o aeroporto de Ubatuba, informou que o avião, de modelo Cessna Citation 525 CJ1+ e com prefixo PR-GFS, havia decolado de Mineiros, Goiás, com cinco pessoas a bordo.
No momento da tentativa de pouso, as condições meteorológicas eram ruins, com chuva e pista molhada, o que pode ter contribuído para a perda de controle da aeronave. A aeronave atingiu uma mulher e uma criança na orla da praia, ambas sobrevivendo ao acidente, embora a concessionária não tenha informado o estado de saúde delas.
Os feridos foram levados inicialmente para a Santa Casa de Misericórdia de Ubatuba e, posteriormente, transferidos para o Hospital Regional de Caraguatatuba. O corpo do piloto foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) da cidade vizinha.
O acidente gerou investigações pela Aeronáutica, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), que iniciou a coleta de dados e a preservação das evidências.
A Aeronáutica esclareceu que os investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 4) estão acompanhando a apuração do caso, mas não há prazo definido para o término das investigações, que dependem da complexidade da ocorrência e da análise de possíveis fatores contribuintes.
O piloto falecido foi identificado como Paulo Seguetto, natural de Goiânia. Ele estava pilotando a aeronave pertencente a uma família de Goiás, sendo que Mireylle Fries, uma das passageiras, é filha de um casal de produtores rurais da região.
Este acidente ocorre em um contexto de crescente preocupação com a segurança da aviação de pequeno porte no Brasil, especialmente após outros incidentes recentes, como a queda de um avião em Gramado, Rio Grande do Sul, em 22 de dezembro, que resultou na morte de dez pessoas, e o trágico acidente que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas em novembro de 2021.
Estudos apontam que aviões de pequeno porte estão frequentemente envolvidos em acidentes no Brasil, com uma série de fatores contribuintes, como menor especialização de pilotos, manutenção menos rigorosa em comparação com grandes aeronaves e exigências regulatórias mais brandas.
De acordo com dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), entre 2010 e 2019, o Brasil registrou 1.210 acidentes aéreos, sendo que 46% deles envolveram aeronaves de aviação privada, enquanto apenas 1% envolveu aviões comerciais de grande porte. Isso evidencia a maior vulnerabilidade dos aviões de pequeno porte e a necessidade de aprimorar a segurança nesse segmento.
Sobre o Cessna Citation PR-GFS
Segundo dados públicos no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o Cessna Citation CJ1+ de matrícula PR-GFS foi fabricado em 2008. A aeronave estava homologada para voos IFR (Instrument Flight Rules) noturno, o que significa que podia operar em condições meteorológicas adversas e durante a noite, desde que o piloto tenha a habilitação necessária.
A aeronave é projetada para uma tripulação mínima de um piloto e pode transportar até sete passageiros. O peso máximo de decolagem do Cessna Citation CJ1+ é de 4.853 kg, o que é característico para aeronaves de pequeno porte dessa classe. Em termos de operação, o avião estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido até setembro de 2025.